segunda-feira, 11 de maio de 2009

Era mais que uma anconda

-Tem uma cobra ali no balde.
Juro que estava andando pela grama- ah, aqui não tem calçada- e como já estava meio escuro, não vi direito até quase pisar em cima dela. Vi uma coisa da cor do chão bem brilhante, era uma cobrona, você precisava ver, parecia um cano de PVC de tão grande. Tinha assim, cerca de um palmo de largura, e olha que o grau dos meus óculos está antigo, hein! Nunca vi um bicho daqueles, enorme, sanguinário. Bom, na verdade ela estava paradinha no meio do meu caminho, parecia que estava só me esperando. Bom, ela escolheu o cara errado, achou que eu não era páreo para ela, com suas presas gotejantes e olhos vermelhos como brasas na fogueira, mas se deu mal. Sinceramente, eu nunca soube que poderia lidar com cobras, o máximo que já tinha chego de uma foi no Animal Planet, e nem pensava em fazer aquilo em casa, mas quando vi aquela cobra gigante...te juro, parecia uma mangueira de bombeiro, era cabreiro. Nunca vi uma cobra desse jeito, acho que nem deve ter sido descoberta pela ciência ainda. Sério, cara, parecia um basilisco, não sei como aquele bichão cabia nas matinhas que tem aqui no condomínio. Não, e o pior é que eu fiquei pensando : o que é que esse bicho come? Me diz, que presa em potencial tem aqui nessas matinhas? Nada! Pra sustentar uma cobraça daquelas só um bode, um bezerro, sei lá, e aqui nem tem bode e bezerro! Adivinha o que ela come? Cachorro, né! E eu segurando dois , na frente dela, dando sopa! Se eu não tivesse pensado muito rápido, não sei o que teria acontecido. Imagina só se fosse você lá, bem você que é assim magrinha... não dava nem tempo de falar "olha a cobra", era tchau e benção. Por isso que eu acho que você não devia andar por aí de noite , é perigoso, você não ia conseguir se defender... Juro pra você, se eu não tivesse pego os cachorros no colo e pulado em cima da cabeça dela, ela tinha engolido os dois numa bocada só, e ainda sobrava espaço pra um gato gordo. Eu pulei com tudo, segurei a cabeça dela assim, ó, e fiquei montado nela até ela cansar. E o bichinho era brabo, viu? Hahahahaha, o bichinho lutava feito um não-sei-o-que , parecia touro mecânico. Aí eu falei, ah, danada, agora você não escapa. Bichinha cansou e eu catei e dei um soco no meio da fuça dela, não coloquei muita foça pra não machucar, mas ela desmaiou, ficou até com a linguinha pra fora, coitada. Daí eu enrolei ela e botei debaixo do braço, fui levando . Devia ter uns cem quilos, no mínimo. Quando cheguei aqui ela tava quase acoradando, levantou a cabeça e veio tentar me morder, foi direto na cabeça, mas eu fui mais rápido e dei um mortal pra trás e caí com a cabeça dela no chão, aí ela dormiu de vez, coitada, descansou. Peguei um balde daqueles de lavar roupa que a Neide usa, sabe? Então, peguei o balde e botei a bicha lá dentro, enrolada assim, bonitinha. Cobri com a tampa daquele tacho de cobre que tem lá na despensa e pus a cadeira em cima , só pra assegurar que ela não escapava mais, né? Ai, que bichinha nervosa! Era verde , assim, meio marrom, com uns desenhos em preto e amarelo. Nunca vi desse tipo, e olha que eu conheço cobra, hein... Hahaha, que beleza... Vai lá dar uma olhada se quiser, mas cuidado que ela é brava, viu?

-Não tem nada aí no balde, olha, está vazio.
-Ih, deve ter fugido... que pena, podia levar pro Butantã...
-Mas não tava morta?
-Hã?...Ah, espera aí que o telefone tá tocando.

3 comentários:

  1. Nossa, que idéia foi essa? de onde surgiu? queria que fosse verdade e ver a cobra, pra ter certeza se era grande e rajada de amarela mesmo. Incrível, adorei.

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  2. É, bem com um sorvete de tres bolas no meio da testa, e ainda com as espinhas bem amarelas pra parecer castanhas de caju. Mas eu já estou bem melhor, e não foi maracujina. A gente aprende a superar na marra. Adoro seu blog.
    A propósito, sou a Iguatu, mas não conta pra ninguém.

    (obs:. resolvi contar logo antes que virasse uma grande mentira, mas eu realmente adoro seu blog)

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  3. Err, e você achou que eu já tinha me apaixonado, é? Te reconheceria até debaixo d'água, coração. Acho muito empolgante ter identidades falsas, é mais ou menos como mentir que fez a lição quando na verdade fiocu no msn a tarde toda. Não que eu faça isso, mas enfim, é. Obrigada, Tuta.

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