Não sei mais escrever.
Não sei quando foi que parei, não sei onde deixei meu rico arsenal de metáforas. Não sei se algum dia eu soube escrever.
Sempre condenei clichês e pseudo-escritores e suas frases inúteis. Colocam tudo no plural, usam palavras "difíceis" que nem caneta colorida no caderno da 5ª série. "Impressões e conclusões vagas de pessoas oprimidas". Odeio, odeio, odeio. E o engraçado é que os blogs que contém frases do tipo são minados de tantos comentários. Bom, best-sellers são best sellers.
Agora nem eu sei mais escrever. Já não tinha um blog badalado quando sabia, agora que não sei vou falir. Vou começar a ter vistas negativas. Um belo dia meu endereço vai mudar para -cachecholdecobra.blogspot.com . Nem piadas eu sei fazer mais... bom, na verdade nunca soube.
Tenho uma ampla gama de rascunhos salvos, textos que se você lesse teria de passar por um longo processo de desintoxicação visual até que minha chatice verbal se desnaturasse e pudesse finalmente ser coagulada em qualquer lugar. Se o governo soubesse da força que têm minhas palavras desorganizadas e pretensiosas, logo começaria uma nova guerra no Oriente Médio, mas não no Oriente Médio.
Eu acho que falta vontade. Falta tema. Falta computador. Falta sinceridade, tenho vontade, temas e computador. Acho que perdi o respeito pela escrita durante o processo de libertação dos paradigmas. Desde que começei a pensar que "pode tudo", parei completamente. Tenho uma ideia boa e acabo transformando-a em uma porcaria. Queria escrever uma frase decente, um parágrafo do qual eu pudesse me orgulhar, escrever nas paredes , no antebraço, em pedacinhos de papel. Queria escrever frases menos curtas, economizar nos pontos finais, bombardear folhas de caderno, blogs e ouvidos com minha torcida organizada de palavras. Queria que alguém lesse e gostasse. Queria o mago Merlin como meu redator. Queria parar de querer e terminar logo essa coisa.
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