quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dezessete, dezessete

Hoje é o último dia.

Na maioria dos casos, nunca sabemos qual vai ser o último dia. O último abraço, a última cena, a última resposta, a última fatia e, depois, acabamos nos lamentando por isso- Se eu ao menos soubesse! - , sem perceber que o saber é o que estraga tudo.

Hoje, dezesseis de Fevereiro de dois mil e onze, é meu último dia. Amanhã acordarei com um novo propósito.Amanhã será o primeiro degrau de uma infinita escadaria descendente . Amanhã eu não vou acordar.

Aliás, nunca pude entender qual é a dos propósitos. Quando se tem um, tudo se mostra mais interessante e mais fácil do que seu objetivo, que parece enevoado e distante- assim como o dia de amanhã me parece desde tempos imemoriais. Quando não se tem um propósito, porém- ou melhor, quando não se reconhece que há um propósito-, aquilo que se quer não parece inalcançável; simplesmente não aparece. E isso, por incrível que pareça, faz tudo ficar mais sereno. Não há cobrança, expectativas ou metas. Você apenas existe.


Acredito que isso seja o que mais preciso agora: esquecer das metas, cobranças e ideais. Vou fingir que não é nada. Vou fingir que não passa de um sonho. Amanhã vai ser um dia como qualquer outro. Aliás, amanhã nem vai ser um dia. Amanhã vai ser outra coisa, um misto de Rimbaud com sorvete de limão e banho de lama. Muito me importa o que vai ser de amanhã, mas, como de praxe, vou fingir que nem ligo.

Foda-se.

Amanhã é meu aniversário, e quem liga?



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