"Lembro de você todos
os dias. Uma música, um olhar, uma sombra.
Não gosto de lembrar
de você todos os dias. Isso porque sei que não há nada que possa ser feito.
Sinto saudades, muitas saudades. Você não pode imaginar o quanto.
Em minha cabeça você é
assim: um recorte de todos os dias bons, de todas as risadas, de todas as vezes
que te vi dormindo e pensei nas três palavras que tantas vezes te disse. Até
mesmo os piores momentos parecem bons agora. O amor fez tudo ficar sépia.
Sim, acho que ainda te
amo. Mas só de pensar nisso tudo me escapa. Sinto o frio que ficou em mim desde
tudo. Aí começo a ouvir os gritos. Relembrar a frustração. Sentir as lágrimas. A dor de dentro e a dor de fora.
E então quero me deitar do seu lado e te sentir me envolvendo, e me isolando de
tudo isso, de tudo o que não quero sentir nunca mais. Por mais paradoxal que possa parecer.
Parece que acabei
gostando disso, te deixei me machucar tantas vezes porque gostava de me sentir
protegida depois. Acho que as pessoas podem aprender a gostar até das piores
coisas.
Gostaria de te ter de
novo, sem pensar nas conseqüências. Sem lembrar de tudo o que aconteceu ou pode
acontecer. Queria poder estar com você de novo. Encostar de leve em você. Queria poder te admirar.Te amar de
um jeito saudável. Te amar porque acordei e pensei “Eu o amo”, e não porque no
dia anterior disse que te amava. Será
que algum dia alguém vai entender isso? Será que alguém no mundo sente isso? Pedi
tantas vezes, com todas as minhas forças, que esse alguém fosse você. Mas
confesso que nunca tive certeza disso.
O que mais dói é saber
que nunca vamos ter isso de volta. Hoje, se nos dispuséssemos a fazer tudo de
novo, se tentássemos nos resgatar, mesmo se fizéssemos o maior esforço de
nossas vidas, esse esforço de nada adiantaria. Somos como sobreviventes de um
naufrágio, nos agarrando em qualquer escombro que haja por perto. Sentir o amor indo embora é como se afogar.
Você vê as coisas acontecendo à sua volta como se estivessem em um filme.
Inutilmente tenta se salvar, se apóia nos destroços, e mesmo assim afunda.
Procura freneticamente em todas as partes um pouco de ar para respirar. E
afunda. Os sons ficam cada vez mais distantes, você não sabe distinguir a
realidade daquilo que sua imaginação inventou. Afunda. E tudo fica cada vez
mais escuro, mais frio. Você daria tudo pra poder voltar à tona, mas agora já
nem sabe mais. Agora você já afundou. Já não existe mais barco, mais ar, você,
nada. Tudo o que você tem é o escuro, e fica realmente difícil saber se não é
ele que tem você."
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