I now
realise everything my brain wants to tell me and somehow I won’t be very pleased to hear comes in
English. Right now, for example, it comes to my mind that I’ll never be a good
writer unless I get out of my own head and start looking at the world. And it
does make a lot of sense, and even gives me a little shred of hope. When
translated to my native language, however, it does get a lot less appealing and
a lot more pretentious. Talvez porque eu não queira reconhecer que, se
até hoje tudo o que escrevi foi sobre mim mesma, esse recém-descoberto conceito
de boa escrita anula todo e qualquer
talento que algum dia acreditei ter- ou qualquer outro modo mais adequado de se
chamar a habilidade de escrever coisas que as pessoas gostam de ler (ou, pelo
menos, dizem gostar).
Todas as narrativas em terceira pessoa, os relatos em
primeira, as cartas fictícias, os poemas, os narradores onicientes, tudo foi
escrito por mim, para mim e sobre mim. E a parte mais irônica (talvez também a
mais triste) é que, mesmo o microcosmos de minha pseudo-literatura sendo desde
o recrudescido início inteiramente focado e apontado para mim mesma, nem eu
acabava gostando do que escrevia. Detesto e acredito que continuarei detestando
tudo o que escrevi até o dia de hoje, mesmo se , contrário às estatísticas,
alguma parte dessa ínfima produção seja de fato palatável. Neste infindável sentir-grafar-detestar ,
acabei por criar um ciclo que trata de traumatizar e estigmatizar completamente
o que ainda existe de esperança literária dentro de mim: surge a ideia e
escrevo; mas a mim esta surge mais como
um anzol onde se pode espetar a isca para em dado momento fisgar um peixe do
que como um grande espada enfurecido sob as águas do alto mar e que faz girar
incessantemente meu molinete. É num processo diário de andar até a farmácia,
pegar o metrô, assistir a uma palestra ou comer peixe empanado que encontra-se
esses pequenos anzóis escondidos. De alguma forma eles devem ser guardados,
pois nem sempre se está cem por cento equipado para a pescaria em alto mar. Os
anzóis das histórias são reais, e as iscas que se colocam neles são geralmente
escolhidas a partir do peixe que se quer pescar, às vezes são até feitas de
penas de pássaro, plástico fluorescente e pequenos guizos (ou seja,
completamente artificiais). Da mesma forma, o desenvolvimento de uma história
geralmente é inventado no sofá da sala, com um copo de suco de soja e um bloco
de papel. Um pescador indeciso colocará as piores e mais esquisitas iscas em
seus anzóis se não souber exatamente o que quer pescar- do mesmo jeito que eu
não sei exatamente o que quero pescar, tampouco o que quero escrever, de modo
que acabo por preencher os espaços em branco de minhas histórias com o pouco
que sei da vida (que concerne geralmente ao limitado universo de minhas
experiências e emoções). Por isso minha escrita é um lixo. Sem contar pela
linearidade falha, pela ineficiência dissertativa e pelas metáforas
aborrecedoras.
De qualquer modo,formulei recentemente- em Inglês, é
dispensável dizer- um método aparentemente eficiente para resolver meus
problemas literário-existenciais. Devo escrever sobre o que me acontece e o que
sinto sobre o mundo tão logo essas impressões apareçam, numa base diária e com
os rigores que aplicaria a qualquer texto a ser publicado. Paralelamente, devo
seguir colecionando episódios, impressões e personagens colhidos no cotidiano ,
mas a princípio sem a intenção de encaixá-los em algum contexto narrativo. Até
então, estarei exercitando a escrita, formulando pensamentos e narrativas,
analisando o mundo criticamente e observando suas peculiaridades sob minha
própria ótica, ao passo que a observação e elaboração de personas e consciências distintas de minha própria deslocariam um
pouco a órbita dos pensamentos para um eixo distinto de meu próprio e raso
umbigo- de modo a não interromper o fluxo de pensamentos e tirar a pressão de !olhar para o mundo e parar com a escrita
medíocre”.
Finalmente, a médio-longo prazo, juntando-se as partes e atando-se os nós,
teria eu pensamentos formulados, personagens com backgrounds inusitados para pensá-los e situações peculiares e
propícias para tais pensamentos e personagens acontecerem. Em outras palavras,
eu teria em mãos uma história boa, suculenta com detalhes e nutritiva com
críticas e observações sutis sobre a sociedade ocidental pós moderna.
Esse método supracitado, admito tê-lo formulado durante uma
das inúmeras entrevistas que concedo ao espelho do banheiro quando passo perto
dele. As circunstâncias em que foi criado, entretanto, não devem macular sua
eficiência. Devo admitir que acho bonito como uma ideia tão estratégica e
talvez até parecida com um plano de guerra de um grande general de bigode farto
e preto do leste europeu pode nascer de uma coisa idiota e medíocre como uma
auto-entrevista em frente ao espelho. E assim, num processo fluido e muito
natural, minhas reflexões em frente ao espelho e um general de bigode muito
preto são todas as provas de que preciso para a autenticidade do inusitado e
brilhante método que criei.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcabo sempre voltando aqui... Vício de viver um pouquinho desse seu mundo que parece ser muito mais insustentável que o meu.
ResponderExcluir