Um dia desses fui mexer no meu armário ( estava procurando um livro de filosofia pra ler sobre Rorschach e suas manchas) e encontrei uma carteira velha. Uma não, várias. Tenho certeza de que, se me embrenhasse naquele mar , acabaria amiga de um fauno em Nárnia também.
Todas estavam em condições no mínimo deploráveis; encardidas, rotas, zíperes quebrados e uns desenhos horríveis. Carteiras velhas não têm utilidade e, mesmo se algumas não estivessem tão mal assim , não haveria porquê em usá-las. "Ah, minha bolsa é verde então vou pegar tudo o que tem na minha carteira e passar para aquela outra que é verde também". Não dá.
Depois pensei em outra possível utilidade: guardar dinheiro em outros locais. No armário do colégio, no porta-luvas do carro, na casa de amigos; parecia uma boa até eu me dar conta de que, além de não ter dinheiro pra colocar em cada uma dessas carteiras-reserva, eu poderia simplificar a situação carregando uma só carteira na bolsa.
Aí me veio uma ideia altruísta, que por ser algo assim tão generoso permaneceu em minha mente por um bom tempo. Já estava quase aceitando como verdade minha hipótese quando tive um estalo: alguém que precisa de uma doação de carteira velha não tem dinheiro para nela guardar! Se levar minhas sacolas de doações à igreja, tudo será provavelmente distribuido a quem necessita, mas o que um mendigo pode fazer com uma carteira velha além de colocar na foqueirinha dentro do latão? É inútil.
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