segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Soro da Independência

Era como se aquele amor fosse o comprovante fiscal de uma compra estornada, que nunca terei que pagar, mas que sempre vai ser uma dívida pra mim.

O gosto salgado das mãos mal lavadas, e as portas puídas escancaradas , ah, meus dois e cinquenta! Você foi porque não aguenta

Não aguenta uma dor que ESCARNECE a tua face rosada que não é bem rosa mas a gente finge que é e ESCARNECE o valor da tua raça

Eu quebro MESMO a vidraça porque quero MESMO correr

Correr pra bem longe e não ter que aguentar

Numa mão, o pedaço que arranquei das tuas costas quando você virou pro tempo e o tempo virou pra você

Na outra, levo uma outra que precisa ser levada até a calçada

Mas eu me viro e a solto no meio da faixa

ESCARNECE essa criança que eu faço atropelada e ESCARNECE, ESCARNECE

Que eu quero MESMO é ver

O sorriso da sua boca nascer e morrer, nascer e morrer e morrer

Porque daqui, e de mim, você não tira nada. Nada que eu ainda não tenha tirado de você.

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