sábado, 11 de agosto de 2012

Boi ao sugo


Teve um dia em que, não sei por qual razão, meu pai me ensinou a estratégia das piranhas. Estávamos almoçando em um restaurante, italiano, talvez.  Era nhoque. Lembro de observar atentamente as bolinhas de batata em seu prato durante o discurso. Eram bois. Bois malhados, cobertos em molho de tomate, e precisavam cruzar um rio vermelho.



 Mas aquelas águas eram infestadas de piranhas e, para que o rebanho passasse, era preciso que um deles fosse sacrificado. Escolhiam,então, o boi mais fraco, mais velho ou mais doente e colocavam-no na água primeiro. Enquanto as piranhas o devoravam, o bando passava ileso.
E as bolinhas de nhoque cruzavam o prato de meu pai. Todas, menos aquela, a mais amassada, meio deformada. Aquela ficava com as piranhas.

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